O IV Simpósio Internacional Metropolização do Espaço, Gestão Territorial e Relação Urbano-Rural será realizado no Rio de Janeiro entre 21 e 26 de outubro deste ano pela associação entre o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Espaço e Metropolização - NEPEM - (PUC-Rio), o Grupo de Estudos Rurais e Urbanos - URAIS - (PUC-Rio) e o Grupo de Estudos e Pesquisa em Produção do Espaço, Trabalho e Gênero - LABORES - (PUC-Rio). O objetivo do evento é debater como o surgimento de novos valores articulados ao tecido urbano, juntamente com novos sistemas de produção e novas realidades de mercado, contribuíram para a reconfiguração das cidades, da gestão territorial e da relação urbano-rural. Para tanto, objetivamos trazer ao debate os grupos sociais envolvidos no processo, suas ações, reações e interações.
Nesta quarta edição do simpósio, o eixo principal do debate é a necessária associação entre a produção do espaço, a emancipação social, o comum e a verdadeira democracia, fundamentais para a construção de um mundo com mais justiça social.
A cidade é a materialização de um momento histórico. O espaço torna-se cada vez mais o meio de reprodução das relações sociais; sendo hierarquizado, objeto de investimentos públicos e privados, reserva de valor ou mesmo deixado ao acaso e abandonado. Talvez a grande batalha deva centrar-se na necessidade de romper com a ocultação e buscar desvelar essa dominação do espaço. No atual momento do capitalismo mundial, o movimento da reprodução aponta para a superação da hegemonia do capital industrial pelo capital financeiro, levando ao acirramento do processo de produção desigual do espaço.
Vivemos, agora, um momento marcado pela desconcentração do setor produtivo tradicional, pelo desenvolvimento de novos ramos da economia e pela centralização do capital na metrópole. Além disso, observamos a conformação de uma cidade difusa, que se expande desmesuradamente, dando novos conteúdos às antigas áreas rurais.
Se o fenômeno urbano tomou o planeta, se vivemos uma sociedade urbana (e não nos referimos apenas ao domínio edificado, mas o conjunto das manifestações do predomínio da cidade sobre o campo), atualmente experimentamos um processo de metropolização do espaço; ou seja, trata-se da transcendência das características metropolitalinas a todo o espaço. Nesse sentido, grandes mudanças podem ser observadas, tais como: crescimento e intensificação dos fluxos imateriais, de pessoas e de mercadorias; cada vez maior utilização de tecnologias de informação e comunicação; e grande variedade de atividades econômicas com maior concentração de serviços de ordem superior.
O processo de metropolização imprime características metropolitanas ao espaço, trata-se da alteração das estruturas pré-existentes, sendo esses espaços metrópoles ou não. Há, também, a incorporação de uma dimensão cultural. A esfera do consumo ganha proporções nunca antes imaginadas, provocando uma alteração profunda da cultura mercantil, que atinge todas as esferas da vida. Os hábitos culturais e os valores urbanos típicos da metrópole se difundem para além dela, chegando às pequenas e médias cidades.
A intensificação da capitalização do campo e a diversificação das atividades que lá se realizam, associadas ao desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação, e também dos transportes aproximaram ainda mais as relações urbano-rurais.
O espaço é o lugar da reprodução das relações sociais de produção e não apenas dos meios de produção, destarte percebe-se o espaço como mercadoria. Porém, se o espaço é o lugar da reprodução, é também lugar da contestação, do encontro, da rebeldia, lugar da ação. E aqui estamos diante de grandes tensões, contradições; ou seja, se é no espaço da vida cotidiana que percebemos e vivemos o dia-a-dia, é nele também que os especialistas concebem seus projetos e os põem em curso à revelia dos habitantes do lugar. Muitas vezes, aqueles que vivem na cidade acabam por perceber e viver a partir da total naturalização de tudo, da banalização da miséria, da desigualdade. Por outro lado, há também aqueles atores sociais que, a partir da indignação, procuram formas de lutar contra o estado de coisas atual; as estratégias de suas práticas espaciais são fundamentais, posto que percebem que a produção do espaço é também instrumento de reprodução das relações sociais. Referimo-nos à luta pela necessária emancipação social, pela verdadeira democracia e pela construção do comum.
O cotidiano, embora muitas vezes banalizado, já que se expressa por sua miséria e riqueza a partir de eventos triviais, caracteriza-se como a mediação entre a repetição e a criação, entre a alienação e a liberdade, como a clara explicitação da imbricação entre espaço e tempo. As inúmeras possibilidades de apropriação do cotidiano resultam da vivência, da experiência vivida, e têm grande potencial criador, possibilitando a formação e permanência de resistências. Portanto, quando através da apropriação do espaço da cidade reconstruímos a cotidianidade, é possível pensarmos na formação de movimentos que lutem pela emancipação e pela sua transformação.
Programação
Dia 21/10/2018 - Local: A.R.E.S. Vizinha Faladeira (Zona Portuária)
10h Primeira parte do Simpósio: Abertura para o debate e para as demandas populares
10h30 Mesa Temática 1: Espaço em movimento I
- Estudante do #ocupatudo (CPII)
- Representante das Trabalhadoras de Pedra de Guaratiba
- Representante de ocupação Arco Metropolitano
12h00 Debate
13h00 Almoço
14h30 Mesa Temática 2: Espaço em Movimento II
- Representante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia do Rio de Janeiro (MNLM-RJ)
- Representante Associação de Moradores
- Representante de Coletivo de Artistas
- Representante Escola de Samba Vizinha Faladeira
16h30 Debate
17h30 Encerramento das Atividades
Dia 22/10/2018 - Local: PUC-Rio
A partir de 8h Credenciamento
9h Abertura do Evento
9h30 Mesa Redonda 1: Produção do espaço e a radicalização da democracia
- Prof. Dr. Jeffer Chaparro Mendivelso (Universidad Nacional de Colombia)
- Prof. Dr. Alvaro Ferreira (PUC-Rio/UERJ)
- Prof. Dr. João Ferrão (Universidade de Lisboa)
11h30 Debate
12h40 Almoço
14h30 Mesa Redonda 2: Produção do espaço, metropolização e a necessidade da emancipação social
- Prof. Dra. Sandra Lencioni (USP/PUC-Rio)
- Prof. Dra. Ana Fani Alessandri Carlos (USP)
- Prof. Dr. Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro (UFRJ)
17h10 Debate
18h30 Encerramento das Atividades
Dia 23/10/2018 - Local: PUC-Rio
9h Mesa Redonda 3: A experiência na direção da democracia: avanços e fracassos
- Prof. Dra. Arlete Moysés Rodrigues (UNICAMP)
- Prof. Dr. Floriano José Godinho de Oliveira (UERJ)
- Prof. Dra. Raquel Rolnik (USP)
- Prof. Dr. Rodrigo Hidalgo (PUC-Chile)
11h40 Debate
13h Almoço
14h30 Mesa Redonda 4: A Financeirização da produção do espaço e a necessidade de pensar no projeto do Comum
- Prof. Dra. Maria Beatriz Cruz Rufino (USP)
- Prof. Dra. Tatiana Roque (UFRJ)
- Prof. Dra. Mariana Fix (UNICAMP)
- Prof. Dr. Paulo César Xavier Pereira (USP)
17h10 Debate
18h30 Encerramento das Atividades
Dia 24/10/2018 - Local: PUC-Rio
9h Mesa Redonda 5: Produção do espaço, movimentos sociais, relações de trabalho e emancipação social
- Prof. Dr. José Borzacchiello (UFCE/PUC-Rio)
- Prof. Dr. Mónica Arroyo (USP)
- Prof. Dr. Márcio Rufino Silva (UFRRJ)
- Prof. Dr. Márcio Piñon de Oliveira (UFF)
11h40 Debate
13h Almoço
14h30 Mesa Redonda 6: Comunidade, propriedade privada e as transformações nas relações urbano-rurais
- Prof. Dr. Adriano Pilatti (PUC-Rio)
- Prof. Dr. Valter do Carmo Cruz (UFF)
- Prof. Dr. João Rua (PUC-Rio)
- Prof. Dra. Denise Elias (UECE)
17h50 Debate
19h Encerramento das Atividades
Dia 25/10/2018 - Local: PUC-Rio
9h Mesa Redonda 7: Direito à cidade, emancipação, trabalho e desigualdade de gênero
- Prof. Dra. Regina Célia de Mattos (PUC-Rio)
- Prof. Dr. Rafael Soares Gonçalves (PUC-Rio)
- Prof. Dra. Virgínia Totti Guimarães (PUC-Rio)
11h40 Debate
13h Almoço
14h30 Mesa Redonda 8: Metropolização, modernização, cooperação, redes técnicas e emancipação social
- Prof. Dr. Denis Castilho (UFG)
- Dr. Rui Jacinto (Universidade de Coimbra)
- Prof. Dr. Leila Christina Duarte Dias (UFSC)
17h10 Debate
18h30 Encerramento das Atividades
Dia 26/10/2018 - Local: PUC-Rio
9h Mesa Redonda 9: Limites, fronteiras, segregação e a necessária luta pela emancipação social
- Prof. Dr. Marcelo Tadeu Baumann Burgos (PUC-Rio)
- Prof. Dr. Jorge Luiz Barbosa (UFF)
- Prof. Dr. João Trajano de Lima Sento-Sé (UERJ)
- Prof. Dr. Rogério Haesbaert (UFF)
11h40 Debate
13h Almoço
14h30 Mesa Redonda 10: Emancipação social, fim do Estado, o comum e a verdadeira democracia
- Prof. Raúl Zibechi (MFAL)
- Prof. Dr. Carlos Vainer (UFRJ)
- Prof. Dr. Atílio Boron (Universidad de Buenos Aires)
- Prof. Dr. Carlos Walter Porto Gonçalves (UFF)
17h10 Debate
18h30 Encerramento do IV Simpósio
Mais informações e inscrições: https://iv-simeger.webnode.com/