Abertas as inscrições para o III Colóquio Espaço-Economia

Entre os dias 10 e 12 de junho de 2019 na Universidade do Estado do Rio de Janeiro será realizado o "III Colóquio Espaço-Economia - transformações no capitalismo mundial e a produção social do espaço: novos arranjos territoriais e a economia política do desenvolvimento". As mudanças nas estruturas econômicas e políticas vivenciadas no mundo influem nos fundamentos e nas estratégias da organização econômica e nas relações de trabalho, atingindo particularmente (de forma aguda e profunda) o território, em face da forte dependência de investimentos públicos para fomentar seu dinamismo.

A recente mudança do poder político e a retomada da imposição de práticas neoliberais, baseado em projeto alçado ao poder de forma não legítima, produz uma regressão significativa das mudanças que estavam em curso. O discurso hegemônico é contraditório com as ações, pois a coalizão que está no poder não está sendo capaz de reverter a crise econômica em que mergulharam o país, apesar das inúmeras e aceleradas transformações nos fundamentos das bases econômicas e sociais, com ações deletérias no que diz respeito aos gastos públicos e direitos trabalhistas. Assim, estamos diante de um novo quadro político, econômico e social, que já repercute na organização territorial no país.

No caso do estado do Rio de Janeiro, o estado foi objeto de grandes investimentos estatais e privados entre 2006 e 2016, nos mais variados setores econômicos, o que produziu inúmeras contradições em termos de políticas territoriais. Grandes projetos foram concebidos, em sua maior parte, para serem implantados e entrar em operação em horizontes de tempo longos, de cinco ou dez anos e maturação da atividade em quinze ou vinte. Tais empreendimentos já impactaram profundamente a organização espacial e foram responsáveis por mudanças no mercado de terras e pela implantação de inúmeras estruturas, que no momento estão vazias, subutilizadas ou, ainda, operando de acordo com o planejado apesar da recessão.

Diante de tal quadro, bastante complexo, é fundamental a realização de debates entre os estudiosos deste campo, para identificar as estratégias dos diferentes segmentos do capital, examinar os diferentes processos sócios espaciais em curso, compartilhar trilhas de pesquisa e qualificar os referenciais analíticos. A escala de análise, com efeito, ultrapassa o território fluminense, como foi observado no II Colóquio, quando observamos processos semelhantes em todo o país. Assim, nesse III colóquio o Grupo passará a tratar do tema considerando a possibilidade de incorporar investigadores nacionais e de outros países, enfatizando a internacionalização do colóquio.

 

Apresentação de trabalhos

 

Grupos de Trabalho:

O Colóquio reservará dois períodos para apresentação dos trabalhos dos Grupos, sendo que cada sessão deverá ter quatro apresentações e será coordenado pelos membros do comitê de organização e científico.

As inscrições de trabalhos será gratuita e seguirão as diretrizes e normas de publicação da Revista Espaço e Economia(clique aqui)

  • O prazo de inscrição será entre os dias 1º de Março de 2019 e 30 de Abril de 2019.
  • Só serão aceitos trabalhos completos, Artigos de 15 a 20 páginas.
  • Os trabalhos selecionados serão publicados em edições especiais da Revista Espaço e Economia, no decorrer do ano de 2019.
  • O resultado da seleção dos trabalhos será publicado a partir do 10 de Maio de 2019.
  • Os trabalhos enviados deverão seguir apenas um dos eixos temáticos a seguir:

 

Eixos temáticos:

 

Grupo de Trabalho 1: Redes Técnicas e Organização Social do Território

Objetivo: Em tempos de transformações e renovações técnicas e reconfiguração de redes produtivas, comerciais e informacionais que lhe sustentam, o território se destaca como a categoria cada vez mais presente e central nos estudos econômico-espaciais. É porque na atualidade o papel da ciência, da tecnologia e da informação produz novos recortes territoriais, que exigem redefinir nossos parâmetros analíticos para melhor compreendermos as múltiplas determinações econômicas e sociais presentes no espaço. A discussão sobre transporte e logística, redes portuárias e de tráfego aéreo, comunicações e informações são muito bem-vindas para que se compreendam as questões aqui propostas.

 

Grupo de Trabalho 2: Reestruturação Espacial e Desenvolvimento Econômico-Regional

O atual movimento de reestruturação espacial engendra hegemonicamente uma reformulação territorial-produtiva, com o acerto do tempo do negócio fabril e o just-in-time imposto à mercadoria e ao trabalhador – a discussão do mundo do trabalho, à luz da geografia econômica, é muito bem-vinda. Também implica no consumo dos bens que já nascem obsoletos ou do próprio território, conjugando a adoção da sustentabilidade em detrimento obliteração acelerada da natureza. Ajustando homem e natureza, tempo e espaço, tecnologia e necessidades produtivas, o desenvolvimento se consolida em bases regionais, por meio da conjugação de estratégias de diferentes atores públicos e privados e revigoração das potencialidades endógenas nesta escala geográfica.

 

Grupo de Trabalho 3: Produção do espaço e espoliação imobiliária no mundo contemporâneo

A cidade assiste, sob diferentes aspectos, um processo de acirramento das contradições: de um lado, a força das matrizes vinculadas ao crescimento econômico política neoliberal de produção do espaço, pela implantação de empreendimentos industriais, logísticos, de serviços, entre outros; de outro, a explosão da periferia e das múltiplas segregações sociais. A cidade se torna negócio e mercadoria central e seu empresariamento é o motor do crescimento econômico urbano; da mesma maneira, o valor da terra e as precificações e especulações do solo urbano são questões centrais nesta verdadeira economia política da cidade.

 

Grupo de Trabalho 4: Desenvolvimento e Crise no capitalismo contemporâneo.

A discussão sobre a lógica da produção de valor e o ciclo de acumulação, a partir dos movimentos das frações dos capitais (em suas diversas dimensões) e da ação dos circuitos econômicos na construção social do espaço, são fundamentais para compreender a crise do capitalismo contemporâneo. O capitalismo contemporâneo em redes parece sair desse de uma fase cíclica para um novo e mais radical padrão de acumulação. Sustentado em crescente financeirização, o capital vem operando com enorme mobilidade através dos fundos globais e nacionais, aspirando cada vez mais o lucro da produção que ainda prescinde do espaço como lócus de apropriação. Dessa forma, o capital entendido como movimento e relações de poder, avançaria para a constituição de uma espiral de acumulação infindável.

 

Mais informações: https://www.even3.com.br/coloquioespacoeconomia/